13 de novembro de 2014

PENSANDO SOBRE OS EXERCÍCIOS DE PESQUISA II

REFLETIR SOBRE OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO GRUPO DE ESTUDOS


Os encontros do grupo de estudo Exercícios e caminhos da pesquisa em educação: temas, métodos, resultados e lições vem acontecendo em torno de exposições de exercícios de pesquisa e de “conversas/reflexões” por elas provocadas. Até o momento tivemos: no dia 1º de outubro de 2014, Ana Carmen Silva, sobre A formação de trabalhadores da saúde segundo concepções integrais e dialógicas: oportunidades e exigências para a inserção profissional de pedagogos; no dia 15 de outubro, Ivanda Marques da Silva, sobre O Patronato Estér Araújo Barreto no contexto educacional do Município de Pacujá/CE; no dia 05 de novembro, Antonia Fabrina Mendes dos Santos, sobre O Centro de Educação de Jovens e Adultos Cecy Cialdini na cidade de Sobral/CE: tópicos para uma história da EJA; no dia 18 de novembro Erlandia Maria do Nascimento sobre A contribuição da “Escola Isolada Santo Antonio” para os moradores da comunidade de Descanso, em Santana do Acaraú/CE.

Estes encontros possibilitam leituras e releituras dos processos vividos e dos resultados alcançados. As leituras e releituras contém várias possibilidades: provocar perguntas/questões, transmitir descobertas e trocar informações sobre os temas estudados e sobre a atividade de fazer pesquisa; criar um ambiente de debate criativo desejável nos processos formativos; instigar outras aventuras de estudo.

O desenvolvimento destas possibilidades tem o potencial de revolver o ritual acadêmico de apresentação de trabalhos. E o que o revolver? É ir muito além do costumeiro modelo (muitas vezes feito com boas intenções) engessado por regras, estruturas e preocupação normativa; é instaurar práticas reflexivas favoráveis à circulação dos saberes e poderes: experiências, conhecimentos, descobertas, dúvidas, questões. À medida em que isso acontece criamos um coletivo de subjetividades em formação.

Conforme o desejo de aperfeiçoar o que fazemos na universidade (e que pode ser situado nos campos convencionados do ensino, pesquisa e extensão), estes encontros nos exigem e nos ensinam a avaliar o grau de consistência do que foi produzido (o produto) e da investigação que deu origem ao texto e à exposição (o processo).

Os atuais encontros do grupo de estudos nos possibilitam olhar para o que agora é um passado recente; perguntar sobre a pertinência das questões escolhidas, a solidez dos argumentos desenvolvidos, a propriedade dos procedimentos adotados, a validade das descobertas feitas, a fertilidade dos horizontes descobertos, percepções e intuições até então não percebidas ou insuficientemente desenvolvidas. E sobretudo dar coragem para que os participantes pensem sobre as possibilidades de futuro.


Nota sobre o conceito "fundamentos teóricos e metodológicos":

Toda atividade humana tem seus fundamentos; seja uma atividade predominantemente prática, seja uma atividade predominantemente reflexiva. Ou uma atividade que combine bem as duas dimensões. Para ressaltar este fenômeno, entre os acadêmicos costuma-se utilizar a expressão “fundamentos teóricos e metodológicos”. Acontece que este uso muitas vezes é feito de maneira pouco refletida. Aí a expressão vira apenas um clichê metido a chique. O uso desta expressão aqui reconhece a existência e a importância destes fundamentos. Com a diferença de fazer este reconhecimento com percepção crítica. Esta percepção crítica consiste no seguinte: a) os fundamentos não estão dados com total anterioridade à ação que a gente desenvolve. Quando se explicita os fundamentos antes da ação eles servem de guia; e não estão nunca completos; b) a construção ou explicitação dos fundamentos é um trabalho que ocorre concomitantemente com o desenvolvimento da atividade, como por exemplo, de uma pesquisa; c) a construção ou explicitação dos fundamentos teóricos e metodológicos não se confunde com o uso de jargões ou modas; é um esforço indispensável à aquisição da autonomia de pensamento e ação.

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