14 de novembro de 2016

ANA JÚLIA RIBEIRO. "A GENTE QUER UM ENSINO QUE DÊ VOZ AOS ESTUDANTES"


Foto: Divulgação UNIBANCO.




SEGUEM ABAIXO ALGUNS TRECHOS DA MATÉRIA PUBLICADA PELO JORNAL O POVO, DE FORTALEZA, DE AUTORIA DO JORNALISTA JOÃO MARCELO SENA, NO DIA 13.11.2016.

Dez minutos de um discurso impactante e um vídeo com milhares de compartilhamentos. Em menos de duas semanas, a estudante paranaense Ana Júlia Ribeiro, 16, se tornou um dos rostos mais simbólicos dos movimentos de ocupações em todo o País. A aluna do 2º ano do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, discursou na Assembleia Legislativa do Paraná. Palavras que viralizaram e renderam até uma ligação do ex-presidente Lula se dizendo emocionado com a coragem da jovem.

Ana Júlia defende pautas como a não aprovação da Medida Provisória 746 (a reforma do ensino médio) e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55. Na última semana, ela atendeu jornalistas em entrevista coletiva após palestrar no Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio, na capital paulista. O evento foi organizado pelo Instituto Unibanco e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

OP - Como você resumiria o ensino médio que os estudantes querem?
Ana Júlia - O ensino médio que a gente vê como de qualidade não está contemplado na Medida Provisória. A gente quer um ensino que dê voz aos estudantes e que o leve para uma formação cidadã também. Um ensino médio que lhe dê pensamento crítico e não o tire.

OP - Sobre as ocupações, como você avalia a atuação policial e a cobertura da mídia?
Ana Júlia - Nas ocupações, a gente só tinha uma visão bem distorcida na mídia. Tudo que tinha era ‘um bando de arruaceiros’, ‘tão impedindo o direito dos outros estudantes’. Não se mostrava em nenhum momento o que a gente fazia lá dentro e quando mostrava era de uma forma distorcida. A questão da violência policial é um problema bem grave. Uma coisa é você ser contra, e isso a gente respeita. Outra coisa é partir para a agressividade. Isso é inadmissível. A gente não tá lá agredindo ninguém. E não aceitamos violência contra a gente. As ocupações, de uma forma geral, estão alcançando resultados positivos para os alunos que estão nas escolas. O companheirismo vence muito mais. Você conversa com pessoas que você nunca imaginou. As ocupações conseguiram levar visibilidade à voz estudantil.

A MATÉRIA COMPLETA DISPONÍVEL EM:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2016/11/12/noticiasjornaldom,3669083/ana-julia-ribeiro-u201ca-gente-quer-um-ensino-que-de-voz-aos-estudan.shtml

VÍDEO COMPLETO: 

1 de novembro de 2016

EM DOCUMENTO APROVADO POR UNANIMIDADE A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS E MUNICIPAIS - ABRUEM - MANIFESTA-SE CONTRÁRIA AOS CORTES EM INVESTIMENTOS SOCIAIS EM EDUCAÇÃO E À MEDIDA PROVISÓRIA DO ENSINO MÉDIO

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DA ABRUEM À SOCIEDADE BRASILEIRA E ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS


A Associação Brasileira das Universidades Estaduais e Municipais – ABRUEM, em reunião ordinária realizada nesta data, por ocasião do 59º. Fórum Nacional da ABRUEM em Ilhéus – Bahia, aprovou, por unanimidade, a presente manifestação pública:

Conquanto seja inegável o quadro de recessão econômica atualmente enfrentado pela nação brasileira, com a diminuição da oferta de empregos e consequente retração da produção e do consumo, causa extrema preocupação que as saídas para esta crise estejam sendo construídas, pelo atual governo, na perspectiva da redução dos investimentos em educação e em outros direitos sociais, considerados, pelos países desenvolvidos, como estratégicos para o aumento do capital humano, incremento e mobilização empreendedora da força produtiva e geração de riqueza primária, fatores indispensáveis para o fortalecimento de qualquer economia nacional que se pretenda grande e soberana.

Nesse sentido, a ABRUEM, associação que hoje congrega 45 Instituições de Ensino Superior, distribuídas em 22 Estados brasileiros e que atendem aproximadamente 740 mil estudantes de todos os extratos sociais, vem, de público, manifestar seu firme desacordo com a PEC 241 e com o PLP 257, que atualmente tramitam no Congresso Nacional, por entender se tratarem de medidas que ferem diretamente cláusulas pétreas da Constituição Brasileira, ameaçando seu núcleo de direitos sociais e comprometendo o crescimento nacional e a sustentabilidade das gerações futuras.
Nosso posicionamento se fundamenta na certeza de que não será pela estagnação e sucateamento do setor estatal que o Brasil conseguirá reenergizar sua economia, sobretudo quando se constata que países considerados como expoentes da economia capitalista, a exemplo dos Estados Unidos da América, nunca hesitaram em intervir amplamente, com o investimento de recursos públicos, na defesa e fortalecimento de sua economia, seja subsidiando setores estratégicos de sua economia no quadro competitivo internacional, seja investindo maciçamente em educação e produção do conhecimento científico, como forma de promover a inovação tecnológica e a consequente diversificação de fontes de riqueza.

Ainda nessa direção, manifestamos igualmente nosso desacordo com a Portaria Normativa no. 20, do Ministério da Educação, de 13 de outubro de 2016, publicada no DOU de 14 de outubro de 2016 que orienta a redução de vagas de cursos de graduação do sistema federal e diminui a democratização crescente nos últimos anos do ensino superior público brasileiro e à Medida Provisória 746, de Setembro de 2016, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, Lei 9.394/96, instituindo a reforma do ensino médio, promovendo a superficialização da formação básica entre jovens e adolescentes, na medida em que, a pretexto de flexibilizar o currículo nesse nível de ensino, fragmenta a formação básica em “itinerários formativos” que desconectam saberes essenciais não apenas para a participação no mundo do trabalho, mas, sobretudo, para uma atuação cidadã consciente e comprometida no seio da sociedade brasileira. Não bastasse tal reducionismo e empobrecimento formativo, tal Medida Provisória admite, ainda, a contratação pelo poder público de professores leigos, com base em “notório saber”, omitindo a responsabilidade do Estado em promover a criação de cursos de licenciatura para suprir carências em áreas específicas e, não bastasse tal omissão, desestimulando a opção pela carreira do magistério, uma vez que abre precedente para a atuação profissional em sala de aula sem a devida formação em nível superior.

Isso posto, acreditamos que a nação brasileira não comporta mais retrocessos históricos, principalmente na educação, visto, nesta área, estarmos quase dois séculos atrasados na resolução de questões básicas como a superação do analfabetismo e o acesso ao ensino superior. Constata-se, assim, que a efetivação de tais medidas, ao comprometerem diretamente o cumprimento das metas estabelecidas pela Lei Federal no. 13.005, de 26 de junho de 2014, o Plano Nacional de Educação – PNE, construído em amplo debate e com a participação do povo brasileiro, põe em risco o futuro e a soberania do povo brasileiro, o qual será inexoravelmente privado dos direitos básicos que assegurem a construção de uma sociedade democrática e justa socialmente.

Colocamos o nosso sistema estadual de ensino superior à disposição para contribuir com a construção de alternativas que ajudem a retomar o crescimento do país, sem comprometer as ações destinadas ao conjunto da sociedade brasileira que mais precisa.


Ilheus-Bahia, em 20 de outubro de 2016.